sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Raiva e o Zumbi

1- O Vírus:

O rhabdoviridae é um virus pequeno, em formato de bala de revólver, de base RNA, o que o torna altamente mutável (coisa que não ocorreu muito ao longo da história, por razões epidemiológicas, como forma de contágio e profilaxia [a doença não se espalha nem pelo ar nem pela água,somente de indivíduo para indivíduo e sempre foi muito temida e evitada]). Existem hoje (conhecidas pela ciência) 16 cepas (tipos) do vírus (pouco, se compararmos com as dezenas de cepas da gripe) e todas são letais, culminando em morte em 100% dos casos (salvo 2 ou 3 casos de cura de humanos em todo o mundo, uma recentemente aqui, no Brasil), sendo o tratamento apenas para aliviar os sintomas e propiciar uma morte menos sofrida à vítima.

2- A doença:

O vírus penetra pelo ferimento da vítima, chegando às terminações nervosas, de onde iniciam uma longa jornada pelo sistema nervoso até chegar ao cérebro. Esse período, que pode levar de poucas semanas à 2 anos (segundo relatos, o tempo médio é de 2 semanas) é o período de incubação da doença, sem sintomas, mas na qual o indivíduo pode propagar o vírus, por qualquer fluido do corpo, embora com mais dificuldade. Ao chegar no cérebro ele aflige quase todos os tipos de neurônios, uma vez no cérebro da-se início à fase sintomática da doença, mais perigosa e mais contagiosa.

3- Quadro clínico:

As manifestações da raiva no homem se iniciam por um período prodrômico ou melancólico, durando 1 a 4 dias e caracterizado por febre, mal estar, cefaléia, dores musculares, fadiga, anorexia, náuseas e vômitos. Há alterações do comportamento, predominando tristeza, depressão, insônia, sono agitado, desinteresse pelo ambiente e exacerbação de sentimentos afetivos. De grande valor diagnóstico são as parestesias (dor, formigamento, queimação) na área da mordedura, que irradiam ao longo dos nervos e são referidas por 50 a 80% das vítimas (possivelmente são devidas a lesão viral nos gânglios sensitivos). Há também lacrimejamento, salivação e sudorese, atribuídos a estimulação do sistema nervoso autônomo.
O período de excitação, encefalítico ou de estado corresponde à raiva furiosa do cão, mas no ser humano não costuma haver fúria ou agressividade.
Caracteriza-se por hiperexcitabilidade sensitiva, motora e psíquica.
• Do lado psíquico, há intensa agitação, irritabilidade, alucinações, pensamentos e comportamentos aberrantes, entremeados com períodos lúcidos.
• Há hipersensibilidade a qualquer estímulo, visual, auditivo, olfatório ou táctil, a que o paciente freqüentemente reage com espasmos e convulsões. Essas crises são denominadas acesso rábico. P.ex., um simples deslocamento de ar (trânsito de pessoas, abertura de portas) torna-se insuportável, chamando-se esta manifestação de aerofobia. Bater palmas ou luz forte podem desencadear convulsões.
• Há também importantes disfunções autonômicas como midríase, lacrimejamento, salivação em excesso e hipotensão postural. A temperatura pode ultrapassar 40ºC.
• Sinais de disfunção do tronco cerebral incluem diplopia, paralisia facial e das cordas vocais. A tentativa de deglutir produz espasmos extremamente dolorosos da laringe, que chegam a ocorrer à simples apresentação de um copo com água. Isto se chama hidrofobia, um termo às vezes usado como sinônimo de raiva.
• O envolvimento do centro respiratório causa distúrbios do ritmo da respiração, associados ou não a espasmos do diafragma e músculos torácicos. Muitas vezes, a morte em apnéia se segue a um tal episódio. Em poucos dias, há diminuição progressiva da consciência até o coma e a morte, em média 4 dias (no máximo 20 dias) após o início do quadro.

4- A mutação:

Importantes(porém pequenas) mudanças devem ser consideradas para que o vírus da raiva se torne um vírus zumbi (o qual chamaremos aqui de raiva-z). A principal (e mais importante delas) é a "fúria" do infectado, já que essa fúria não se apresenta muito em humanos, mas, tendo em vista que vírus atinge o cérebro, não seria uma coisa muito difícil de acontecer. Outra mudança importante diz respeito à incapacitação devido à doença (um aleijado dificilmente seria um zumbi perigoso). A hipersensibilidade tambén deve ser considerada, já que um zumbi que cai no chão, em espasmos, ao simples grito, também não é lá um zumbi muito perigoso.
Posto isso, acredito que uma forma mais "branda" da doença, porém mais danosa à áreas específicas do cérebro poderia se tornar a raiva-z.
Uma vez no cérebro o vírus-z afetaria, principalmente, áreas ligadas ao controle das emoções, isso, associado ao aumento da atividade glandular, principalmente a tireóide, produtora de hormônios importantes (doenças da tireóide são costumeiramente associadas à descontrole emocional) e as supra-renais, produtoras de adrenalina (a raiva altera a atividade do sistema nervoso autônomo, provocando um excesso de trabalho de algumas glândulas, como já citei acima), provocando acessos de fúria assassina no infectado.

5- O infectado:

As diferenças entre um infectado pela raiva-z e um zumbi clássico não são muitas, porém são distintas. A principal delas é a mortalidade do supracitado zumbi (zumbis são ressucitados após a morte, o infectado é um vivo acometido por uma enfermidade), enquanto zumbis só podem ser mortos, em tese, pela desligação da cabeça, seja por decaptação, lesão séria na base da mesma ou destruição dela, um infectado morreria como um ser humano qualquer (bom pra nós). Outra diferença importante (e ruim) é a letargia, zumbis são lerdos, mas um infectado teria a mesma agilidade de um humano (considerando-se as limitações de cada um, e uma possível debilitação, devido à doença). A força também seria um problema para nós, já que uma pessoa descontrolada pode apresentar uma força sobrehumana (lembro de uma vez, em que fui visitar uma clínica de reabilitação de drogados e vi um pobre coitado [maneira de falar]querendo fugir para obter crack, foram nescessários 6 enfermeiros [daqueles bem parrudos] para segurá-lo, e um saiu com uma séria lesão no pulso esquerdo[teve o úlmero e o rádio quebrados por uma mordida], imagina isso num indivíduo acometido de uma fúria assassina!!!) . Outro ponto: a alimentacão. Zumbis comem (cérebro, carne, ou coisa que o valha), embora não precisem dela, mas infectados não, já que a raiva provoca fortes dores na deglutição, mas eles ainda são humanos, precisam comer, então, fatalmente irão morrer, se não pela doença, mas por inanição ou desidratação (isso também é bom).
O resultado da fúria de um infectado geralmente culmina em morte, se houver sobrevivência, então teremos um novo infectado. O resultado disso seriam milhares de mortes e menos infectados para espalhar a raiva-z(embora as condições de higiene caiam griitantemente, possibilitando surtos de outras doenças, algumas já antigas conhecidas da humanidade, como a peste bubônica).Porém, a raiva atinge, em tese, todos os animais de sangue quente (embora não hajam relatos de raiva aviária), então muitos animais seriam potenciais transmissores, principalmente carnívoros e carniceiros, que teriam muito o que comer, e muito com o que se contaminar.

6- Disseminação da raiva-z:

O período de incubação é o mais perigoso, tendo em vista que o indivíduo poderá circular livremente pelo mundo, espalhando o vírus. Outro meio de disseminação possível (e provável) é atravéz dos trasmissores mais comuns da raiva: o rato, o cão, o lobo, a raposa, o morcego e os macacos, desses, o maior candidato à levar o vírus à outros continentes (sem falar no homem, é claro) é o rato (como aconteceu no passado, quando os ratos trouxeram a raiva para o novo mundo).

7- A cura:

Não há! Existem vacinas para a raiva, que devem ser administradas no início do período de incubação, porém não há garantias de que a vacina irá imunizar contra essa nova cepa. O desenvolvimento de uma nova vacina é possível, uma vez que já se conhece o vírus da raiva, mas ninguém garante que haverá tempo para a produção dessa vacina, já que não há como prever a velocidade de disseminação da doença.

8- Não virando um infectado:

Pimeiro(e mais óbvio): não seja mordido. Segudo: prefira sair durante o dia, a raiva provoca hipersensibilidade à luz, então será difícil ver um infectado circulando por aí de dia. Se tiver que fugir à noite, prefira noites chuvosas, a raiva provoca um medo irracional à água, na mesma linha, siga os veios de água ou fuja pelo mar. No mais é aquilo que vocês já conhecem: matar e correr...

Um comentário:

  1. eu já tinha parado pra pensar nisso .. esse texto concretizou minhas idéias ..

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