Um dos mitos mais difundidos é o dos zumbis, também chamados mortos-vivos.
Segunda a lenda são seres que morreram, mas por ação de um sacerdote vodu
regressaram à vida e se converteram em escravos dessas pessoas. Foram convertidos
em lenda e muitas pessoas acreditam que são reais, e de certo modo são, mas
lamento desapontar as pessoas que pensam que estes pobres homens estão nesse
estado devido ao conjuro de um maléfico mago porque não é assim, e neste
artigo explicarei porque. Adiante...
Mas, o que é o Vodu ?
Vodu (em Dahomey vodun, 'espírito'), crença religiosa majoritária no Haiti,
que também é praticada em Cuba, Trinidad, Brasil e no sul dos Estados Unidos,
sobretudo na Louisiana. O vodu combina elementos do cristianismo primitivo, do
catolicismo e de religiões tribais da África ocidental, particularmente Benín.
Os cultos vodu veneram um deus principal, o Bon Dieu; os ancestrais ou, mais
geralmente, os mortos; os gêmeos e os espíritos chamados loa. Os loa, que
podem variar de um culto a outro segundo o país, são deuses tribais africanos
que se identificam com santos do cristianismo. O deus serpente, por exemplo, é
ligado a são Patrício. Outros elementos católicos no vodu incluem o uso de velas,
sinos, cruzes e orações, assim como a prática do batismo e o sinal da cruz. Entre
os elementos africanos estão a dança, os tambores e a veneração de ancestrais e gêmeos.
Os rituais do vodu estão dirigidos cuidadosamente por um sacerdote ou santo,
chamado houngan, ou uma sacerdotisa, chamada mambo..
E o que é um Zumbi?
Zumbi ou Zumbie, no vodu haitiano, corpo sem alma a que se devolve
a vida para ser empregado em trabalhos físicos.
Nas tradições vodu, um zumbi é:
Um ser humano a quem um bokor (sacerdote ou sacerdotisa) roubou o ti
bon ange (alma menor). Este roubo é feito mediante técnicas de magia
negra quando a pessoa está morrendo, e imediatamente depois de morrer.
O ti bon ange é conservado em uma garrafa pelo ladrão, que a partir desse
momento tem controle absoluto do corpo da pessoa morta. Esta carece de
pensamento e controle autônomo, de modo que pode ser manejada como um
escravo total e absoluto por parte do ladrão. Com o passar do tempo, o zumbi
vai deteriorando-se, como se aprodecesse, e finalmente seu corpo acaba por morrer também.
O zumbi se converte assim em escravo do houngan, servindo-o em um estado
de transe cataléptico como ‘morto vivo’. Acredita-se que os ghede (espíritos dos
mortos que usam chapéus de copa) também podem criar zumbis.
Como os vampiros e lobisomens, os zumbis se converteram em personagens
freqüentes de quadrinhos e filmes de terror.
Acredita-se que zumbi vem de zumbi, uma palavra que no Zaire se utiliza para
referir-se aos médiuns, fantasmas ou outros espíritos dos mortos. A mesma palavra,
zumbi, também se refere a um deus com forma de serpente píton, reverenciada por
alguns povos do oeste africano.
A Explicação
Depois de tudo isto, cabem duas perguntas: Os zumbis realmente existem? E se
existem, o que são? Desde o começo é preciso descartar que sejam literalmente
mortos vivos, por mais que se diga que é possível infundir vida (mesmo que seja
metade) a um corpo humano declarado clinicamente morto. O que resulta inegável
é que no Haiti tem existido, e provavelmente continuará a existir, seres humanos
chamados zumbis, cuja condição física, anímica e mental não é normal, que se
encontrem em algum tipo de profundo transe, e que obedecem a quem os dominam.
Isto independentemente de mitos, lendas e folclore.
Uma explicação perfeitamente racional é que, em muitos casos, os supostos zumbis
são pessoas que padecem de deficiência mental. Algumas descrições de
comportamento de zumbis correspondem vagamente aos de um caso de loucura
convencional. Possivelmente, por vergonha ou outro motivo, uma família esconde
cuidadosamente um parente que padece de problemas mentais. Então quando algum
vizinho vê a pessoa, que age como zumbi e que acreditavam star morta há muito
tempo atrás, juram que viram um morto vivo. Dadas a credulidade e a imaginação
por vezes transbordante do ser humano, com o passar do tempo uma situação deste
tipo pode converter-se facilmente em mito ou lenda. Esta parece uma explicação
perfeitamente lógica do fenômeno zumbi. Mas há outra que pode explicar aqueles
casos que aparentemente são "inexplicáveis". Vejamos.
Sabe-se que os bruxos, magos, sacerdotes (como for), são capazes de induzir um
estado cataléptico em suas vítimas. Uma catalepsia tão convincente que parecem
autenticamente mortas, e assim são declaradas e sepultadas. Posteriormente são retiradas
de suas tumbas e mediante uma cuidadosa combinação de drogas, são mantidas em
um estado catatônico. Há alguns anos descobriu-se em que consistem essas drogas.
O descobrimento foi feito por um investigador norte-americano, Wade Davis, quem
viajou ao Haiti e até chegou a escrever um livro intitulado "A Serpente e o Arco-Íris".
Davis descobriu exatamente a fórmula usada por um bokor para converter uma pessoa em
zumbi, e pôde comprovar que, usada por um perito, efetivamente reduz a vítima a um
estado catatônico comparável com o de morte. E constatou deste modo que, quando o
feiticeiro profanava a tumba do "morto" depois do sepultamento, dava outra poção à vítima
para tirá-la de sua catatonia, embora a pessoa jamais voltará a ser a mesma. Ficará
reduzida ao nível mental de uma pessoa lobotomizada, ou seja, uma pessoa a quem se
extirpou parte do cérebro. Este último aspecto é devido à privação de oxigênio que sofre
o cérebro, conseqüência do ambiente fechado do ataúde em que foi colocado o desafortunado.
O curioso da revelação foi o "ingrediente secreto" da "fórmula zumbi".
Além de narcóticos diversos, a fórmula continha tetradotoxina, veneno neurotóxico
que se encontra no baiacu, e em algumas rãs venenosas.
O Peixe-balão (baiacu ou fugu)
Existem 120 espécies deste peixe, a maioria vive em águas tropicais, embora algumas
espécies sejam de água doce, os peixes baiacu compõem a família Tetraodôntidos,
ordem Tetraodontiformes. O que vemos na ilustração é um peixe-balão espinhoso.
São muito apreciados em diversas partes do mundo como delícia culinária, mas pelo
fato de que são sumamente venenosos, recordemos que contêm tetradotoxina,
ocasionam várias mortes ao ano.
Os sintomas geralmente aparecem entre 20 minutos a 3 horas seguintes depois de
comer o fugu venenoso. Geralmente ocorrem os seguintes sintomas ao ingerir o fugu
mal preparado, e com ele a tetradotoxina:
Intumescimento dos lábios e da língua.
Intumescimento do rosto e das extremidades.
Sensação de luminosidade ou de estar flutuando.
Náusea.
Dor de cabeça.
Vômitos.
Dor abdominal.
Diarréia.
Dificuldade para caminhar.
Debilidade muscular extensa
Conclusão
Bem, o que podemos concluir de tudo isto? Que evidentemente o mito dos zumbis
foi desmascarado pela ciência, que tudo se deve realmente à administração às vítimas
das substâncias adequadas (neste caso a tetradotoxina), e a falta de oxigênio no ataúde
faz o resto, juntamente com a superstição do povo. Cabe mencionar que o Código penal
do Haiti pune severamente os indivíduos que envenenem com o propósito específico de
reduzir pessoas a "zumbis".
"E também se considerará tentativa de homicídio o envenenar de uma pessoa usando
substâncias mediante as quais não é morta mas fica reduzida a um estado letárgico,
mais ou menos prolongado, e isto sem consideração da maneira em que as substâncias
foram usadas ou qual foi seu efeito posterior. Se depois do letargo a pessoa é sepultada,
então o ato será considerado assassinato."
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Curiosidade:
No Haiti, na época do ditador François Duvalier, o Papa Doc, que presidiu o país com
mão de ferro de 1957 a 1971, o governo, numa manobra psicológica inteligente,
aproveitando o tradicional temor popular pela magia e os zumbis, espalhou o boato de
que Duvalier era um houngan e sua esposa Simone uma mambu, dois poderosos
sacerdotes da religião Vodu ou Sèvis Gine (Serviço Africano). Ainda segundo o boato,
também mantinham sob o seu poder centenas de zumbis, ou “mortos ambulantes”,
muitos deles de sua guarda pessoal, a milícia denominada Tonton Macoute, conhecida
por sua brutalidade.